terça-feira, 22 de outubro de 2013

BESTÃO


(Charlotte Bracegirdle)



Não sei não, mas tem horas que desconfio que sou um rapaz bem besta. É... Pra algumas coisas. Quando terminarem de ler essa crônica vão dizer assim: “Ah isso aí, essa bestice é fingida, é interesse”. Bom, espero chegar ao final sem pensar isso de minha pessoa também.

Por exemplo, quando vejo alguém quieto, amuado – No caso algum amigo, pergunto logo “está triste?” hoje uma dessas pessoas amigas, me deu de bate pronto que perguntar isso deixa sim alguém meio triste. Acabei ali de perder um de meus bordões, uma de minhas besteirices preferidas. Não sei. Até inventar outro vai ser difícil. Uma vez, só pra distrair uma mulher bonita do tédio (e talvez da tristeza de minha companhia, nem perguntei se era isso, mas...) cheguei para ela e falei, “vamos tentar roubar um livro naquela livraria?” – Não posso dizer aqui o resultado, nem em que país foi ou se conseguimos. Mas creio que por mulher bonita vale muita coisa; até confessar isso. – Vai que alguma me lê?

Sim, na situação acima, ilustra bem a meu grau de besta, de ser besta: Mulher bonita! É o fraco de muitos seu bestão, irão dizer, mas... Sou assim desde os cinco anos de idade, me apaixonava pela coleguinha, pela prima bonita, pela vizinha, pela empregada... Era só se aproximar de mim que já estava eu fazendo planos, sonhando com as palavras certas, pedindo a deus aquela criatura. A primeira imagem que tenho na vida, é recebendo um selinho de uma mulher, era uma prima minha.

Lembrar-se dessa primeira imagem é como acordar, só que acordar dentro de um sonho, ainda vejo tudo enevoado, devia ser a emoção... Recordo que eu estava em cima do capo de um carro e ela dizia “vou te ensinar a beijar...”. Talvez esteja romanceando essas palavras, talvez ela não tenha falado isso, talvez até os beijos tenham sido em sua bochecha... Vai saber, sabem como é homem apaixonado fica assim, meio abestalhado, ainda mais no auge da quinta primavera.
Não posso dizer aqui o nome dela, pois hoje ela é casada, tem filhos da idade de quando me beijou e vai que ela lê isso aqui e diz, “tá maluco? Não foi assim não, meu compadre!” E no fim me chama de besta.

Sei lá, tenho medo, vai que ela volta, ou pior o marido.

Outra coisa bem besta que faço, - E essa não dá pra fazer sempre, é passar não horas, mas dias em uma livraria. O destino, sabendo que sou assim (um pouco besta!) me pôs numa cidade com apenas uma livraria e vários alfarrábios com acervos pouco estimulantes; então quando eu viajo, como agora, e fico fora de Maceió, vou todos os dias a livrarias: Ler os trechos dos lançamentos, comprar alguns clássicos atrasados e... Paquerar as mulheres bonitas. Falando na minha cidade, eu também já roubei um livro lá no outro dia do furto era natal, presentei o livro para uma amiga. Que por sinal, também é uma mulher linda.

Mas vou dizer aqui que fiz aquilo porque fui mal atendido e que os outros fatos narrados aqui já fazem mais de dez anos. Quem sabe assim isso dê uma ideia que amadureci, e que não sou mais tão besta.

Cid Brasil

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