(Zach Driftwood) |
“Gosto mais de bicho do que de gente!”, é uma boa frase para se
dizer ou se estampar numa camiseta; é também um bom modo de (por incrível que
pareça) fazer amigos. Eu não sei, mas se uma pessoa diz isso, imagino que ela
estará também incluindo aí no seu seleto grupo de seres vivos preferenciais,
também as cobras, aranhas, rinocerontes, jaguatiricas, hienas, tubarões, pombos
e baratas. Mas eu nunca vi nenhuma foto tendo como legenda a frase que abre
essa crônica sendo estampada por um rato, por exemplo – Nem sequer aqueles
branquinhos, de laboratório. Me parece que também não há espaço para
diversidade nesses afetos. São sempre os caninos que posam, ou como diz o Loíde,
do filme Debi & Loíde: “Cachorros... para os leigos!”.
Na minha casa não tem cachorros, tem apenas um gato preto, que só
dois meses depois todos vieram saber que era uma gata, se chama Mima e não goza
de muito prestigio entre os de duas pernas, que evitam cruzarem seu caminho...
Ou vice e versa. – Outros gatos também não são lá muito chegados na Mima, vide
as escoriações que ela aparece de vez em quando ao retornar das baladas na
madruga enquanto eu digito alguma crônica, mas com seus semelhantes felinos (gatos...
Para os leigos!), não sei o que ocorre: Se o problema é por ela ser fêmea,
preta, gorda ou preguiçosa.
Então, eu só me lembrei da fina frase dos gostos lá, por que a
primeira pessoa que eu ouvi dizer isso foi uma namorada minha; isso nas priscas
eras do Orkut e de quando o gato daqui de casa era amarelo e sofria dos mesmos
problemas do gato preto; essa moça: A namorada, não a minha gata; postava isso
direto, com algumas variações que agora não lembro, talvez por causa do trauma.
Na noite em que li isso, eu fiquei pensando em situações tipo: Um incêndio, um
maremoto, um deslizamento de uma barreira ou um naufrágio... E em todas essas
cenas eu e seu cachorrinho no centro da desgraça; pelos lemas que ela soltava
(e solta!) o que late daria de 3 a 0 no que escreve. Nem sequer o meu gato
sobreviveria, pois ela tinha horror a gato, mais até do que o basset que ela
alimentava dentro e fora de si.
Na manhã seguinte, telefonei para ela com o habitual: “Precisamos
ter uma conversa séria!” e depois usei o famigerado: “O problema não é com
você, é comigo...”, meia hora de esculhambações depois, eu respirava aliviado e
ela confirmava suas predileções pelos de quatro patas numa comunidade. Dia
desses, ela voltou a me adicionar na rede, e postou de maneira enigmática:
Saudades de quem já se foi.
Não era comigo, pois na foto em preto e branco, ela estava abraçada
agora com um poodle. Teve 84 curtidas até o momento.
Cid Brasil
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