(Hieronymus Bosch - "O Mágico") |
Sei não... Talvez eu pare de criticar certas mazelas em mesas de
bar ou de jantar. Sei não... Talvez esse país precise mesmo de BBB, copa do
mundo, novela e do jornal nacional pra autorizar. Por quê? Sei não... Quem sabe
meu finado papai estivesse certo numa coisa: Quinhentos e poucos anos não são
nada, somos bebês. Sei não, mas se for a vida adulta que acabamos de adentrar,
já estamos com uma baita saudade da adolescência – igual muitos de meus amigos
de 25.
Sei não, mas de artista de esquerda a intelectual de boutique reste
não a sabedoria das páginas, dos velhos ou das crianças, mas sim o deslumbre
por uma luz, um holofote ou um curtir. Sei não, ou sei lá, - Realmente eu não
sei, nunca soube, mas não sei... - até o cinismo, coisa tão cara, artigo tão
valioso, parece se corroer e se transformar em gastrites nervosas (até isso
conseguiremos perder?). Sei não, mas ver tanta gente bo(b)a nesse Brasil
preocupada com passeios de fim de semana de uma galera que só quer fazer igual
ao que você faz caro pajé: Se divertir. Não dá muito alento. O pior é que vem
mais, e pior.
Sei não, parece que no fundo é só isso mesmo que todo mundo quer. A
grande polêmica da última semana, vai virar o estigma de uma nação, até as manifestações
vindouras, imitações das imitações das de junho treze, cujo teor (não sei) só o
título: Os rolezinhos da copa. O país da piada pronta somos nós. Trocar as
palavras brasileiro e Brasil, por portugueses e Portugal, foi por simples vontade
de agradar o ouvinte – ou seria telespectador? Sei não, mas eles sabem, sabem
que falar mal desse lugar pega mal, vai ver que é isso. Ou não... Alguém deve
saber, saber que a piada somos nos, ou você que me lê. Mas isso ainda não
sabemos, e imagino que só saberemos
disso quando passar na televisão, em forma de historinha zona sul-copacabana-leblon
com roteiros tão coerente e fieis quanto os da turma do pica-pau, esses
programas caríssimo leitor a que dão o nome de novelas. – Por que digo, ou
acredito nisso? Por que com tanta gente, inclusive aqueles que tanto batalharam
por isso, só agora passaram a acreditar que dois homens podem não só se amar,
como se beijarem. Um único alento, é que entendam que o recado também vale para
duas mulheres; ou será preciso próximos capítulos, novos enredos e personagens?
Sei não. Só tenho medo quando o esse canal resolver mostrar em
2038 que já inventaram a roda; ou que dois homens também transam, criam filhos e pagam contas. Vai
ser um susto danado nos sofás. – Mas até lá tem copa, eleições, olimpíadas,
show do rei, arremedos de revoluções, outras histórias, outros rolês... Tudo é
claro, numa telinha mais próxima de você.
Boa noite.
Plim, plim!
Cid Brasil
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