(Noe Sendas) |
Senhoras e senhores do júri, vejam como são as cousas: Estou há
oito meses escrevendo um romance sobre um escritor que é contratado para
escrever um livro de memórias do governador do estado, e que ao se aproximar de
seu cliente descobre o mangue em que ele está metido, e resolve por fim sabotar
o livro contando as verdades sobre o político.
Como pretendo escrever uma história de ficção que se passa em
Maceió, tendo como inspiração o que de melhor elegemos para nosso comando,
reunido escândalos e esquisitices num só personagem. Por vezes me surpreendo com os meandros desse
lugar e alimento minha ficção do sangue que vejo escorrer nas ruas, das clássicas
balas trocadas – que não são perdidas, embora não possuam remetentes, mas
tenham destinatários certos por aqui – e nas armações de gabinetes. Isso tudo
tem espaço obrigatório nas páginas do meu querido “Grão de Paris” que me tem tomado não só parte de minha saúde – com
gastrites nervosas – e também os meus (já saudosos) dias de dolce far niente, como tem me aberto os
olhos.
Escrevo esse texto, num intervalo dele, onde precisei recorrer a
internet para pesquisar – e aqui chego no ponto que queria – o nome de um local
onde meu protagonista no auge de sua crise, resolve afundar o pé na lama percorrendo
buracos e botecos da periferia de nossa capital... É quando vejo a manchete de
um site informando que o crime (pelo menos esse!) que mobilizou nosso estado,
não foi culpa da imprudente reação da vitima; que também não foi culpa (pelo
menos esse!) de pessoas a margem que tiraram a vida de outro semelhante,
fazendo com que outros inocentes vestissem suas camisas brancas pelas ruas
clamando por algo tão inefável chamado paz; o crime da semana que de certa
maneira ajudou em pequenas rodas e cabeças a por mais lenha no forno humano que
esse estado virou não passou de uma fria e covarde execução por questões mais
covardes e antigas quanto a própria Grécia e suas tragédias: Inveja, traição, roubo...
Nossa bandeira em vermelho, branco e azul é inspirada nos lemas da
bandeira francesa: Igualdade, lealdade e fraternidade. Um amigo meu costuma
dizer: “É... Se até Paris ultimamente tem estado longe de sua bandeira, imagine
agente?”.
Pelo menos esse tiro, retiremos da conta da “marginália” que ajudamos
a excluir diariamente, só por que eles querem o que é nosso e o que é deles de
direito, ou seja: Serem bons e falhos humanos.
Cid Brasil
E o que parece real:
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