Ainda
havia muita cerveja gelada, para pouca gente sóbria. Todas as tias levaram seus
salgadinhos. Os que passaram o dia em jejum saíram satisfeitos. Os chatos se
contentaram. Penetras tinham convites. A única briga foi para cumprimentar os
noivos mais de uma vez. Falar mal só se fosse por que tinha acabado.
Dali já
se saia lamentando que outra daquela nunca mais. A festa impossível existiu!
‘Como aquele casal pobre poderia
bancar uma festa de casamento daquele tamanho?’ - É o que hoje ousam falar os críticos. Foram cinco anos
trabalhando, cinco anos de espera, cinco anos aplacando ansiedades – Suas e da
esposa. Ela merecia, ele idem e os dois mais ainda. Comentam até hoje do
impecável terno do noivo; do brilho do vestido de sua companheira; do tamanho
do bolo (‘se é que não eram três!’ - contam); dos músicos que não se cansavam; da
infinita quantidade de: Carne, cerveja e convidados.
Do patrão ao vira-lata, todos foram unânimes em desejar que a
felicidade dos noivos fosse como aquela noite: Que nunca tivesse fim - O que
realmente nunca aconteceu.
Após a
grande noite, Preto se mudou daquele bairro. Estava com isso feita a lenda:
Dele, Dela e da festa. Hoje, o casal já caminha para as bodas de Rubi. O
destino de muitos se escreveu naquela noite. Certos casais do bairro do Rio
Novo começam sempre contando seus inícios com ‘foi no casamento do Preto... ’.
A casa
do sogro foi o local, mas dizem que na verdade foi bairro inteiro o salão de
festas. Ele fez valer os cinco anos empunhando bandejas, anotando pedidos e
juntando gorjetas para realizar aquela festa superlativa. Em respeito a si
mesmo, até os garçons da festa se divertiram – Se é que não foram todos
padrinhos. Ninguém entendia bem por que fazer uma festa daquelas proporções:
Eram as pessoas de lá muito humildes ou o noivo megalomaníaco? Ninguém quis
desvendar tal mistério.
Até
hoje tentam copiar em vão; até hoje as portas tem sobre o que fofocar e até
hoje serve de auxilio pros desmemoriados: ‘Foi antes ou depois do casamento do
Preto?’. – E o tal do até hoje foi para sempre.
As
moças reprisam as impressões relatadas por suas mães em horas de tédio.
Os
rapazes chutam latinhas dizendo: “Eu quero uma festa como a do Preto!”.
Os velhos se calaram para sempre, respeitando a máxima do padre.
AS festas
de Jay Gatsby ficariam no chinelo perante aquela; Madame Bovary passaria outro
romance correndo atrás de um vestido digno para aquele casamento; e ‘O
Leopardo’ seria mais agitado com Alain Delon, Claudia Cardinale e Burt
Lancaster filmados no casório do Preto.
Se perguntarem
para o noivo, escutarão apenas como resposta ele dizer que aquilo não foi bem
assim. Não é de falar muito sobre, o segredo pelo que contam é esperar o Preto
passar, e dizer que ele é um bom sujeito, pois alguém irá sempre retrucar que ‘bom mesmo foi aquela festa... ’.
E foi
assim que ouvi.
Cid
Brasil
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