(Imagem retirada da internet - o fotografo passa bem) |
Todo lar é composto por coisas que praticamente só estão ali para despertarem desprezo em seus habitantes, e não me refiro aos cunhados ou enteados, falo de outro tipo de itens. Minha kryptonita particular, por exemplo, em todas as casas que morei são esses copos compridos de plástico.
Tento colocar o ódio de lado para racionalizar o produto, mas admito que sua ruindade é tanta, que fica difícil saber por onde começar. É um item tosco em sua essência, parece tubo de ensaio de algum vaso que deu errado e a fábrica não quis descartar. O carma dos copos compridos é a única explicação para sua existência natimorto estar afetando nossas vidas, quem sabe na outra encarnação esse tipo de utensílio foi, sei lá, um capitão do exercito que virou um presidente fascista ou uma barata voadora, e aí nessa passagem tenta se redimir para na próxima vir como um pneu de trator. Vai saber.
Voltando: O fato é que sua concepção escrota, quase fálica, esférica, impossibilita que se entorne de uma vez o que se está bebendo, já arruinando aí sua simples função de copo, sendo necessário pequenos goles, um atrás do outro, pois se insistirmos ele irá embicar abaixo do nariz e toda água/refrigerante/suco escorrerá pelo canto da boca causando ainda mais ódio em seu proprietário agora todo cagado.
Sua estética também não fica atrás, sempre em cores berrantes e luminosas ou em versões metálicas e fosforescentes. Como ninguém em posse de suas faculdades (e universidades) mentais irá numa Lojas Americanas ou TokStok e adquirir um copo desses por valor nenhum (só botei tokstok aqui para parecer chique, mas sabemos que ninguém nunca compra nada ali, pois tudo é fuleiramente caro e só nos valemos dessa loja como mostruário ou para tentar, como dizia meu pai, se enroscar em algo, eu mesmo já me apossei de duas cadernetinhas da turma da Mônica, tipo moleskine, mas isso é outra resenha). A maioria acaba indo parar em nossas mãos por acaso, como brindes em festas de 15 anos ou formaturas de cursos elitistas de gente que esperamos nunca mais precisar ver ou ser atendido por eles.
Mas vá lá, igual a parente curioso, os copos cumpridos de plástico sempre irão dar um jeito de entrar na nossa casa. Então, uma vez estando em sua cozinha, os copos compridos de plástico vão dar trabalho sempre, principalmente na hora de se higienizá-los, pois se uma vez você bebeu algo mais espesso como aquele Activia® de ameixa para soltar ou Xumbrequinho® (uma marca de iogurte aqui da rua), você jamais irá conseguir lavar o fundo do copo justamente por sua deformação típica, a menos que de posse uma vareta você esteja disposto a toda vez estragar também uma bucha de prato. Enfim, um inferno. Já que fatalmente, passado os dias, eles irão formar uma pequena crosta de sujeira, lodo, lama e sabe-se lá o que mais em seu fundo, e quando você perceber, desistira de uma lavada mais caprichada e estará entornando uma imensa quantidade de germes que ou irão te matar por infecção intestinal ou te farão às três da madrugada estar no banheiro, sofrendo, digitando um textão no celular enquanto engole mais um Floratil e pensa que o copo comprido de plástico ficará por aí ainda, dando sopa, quer dizer, dando trabalho nesse mundo, com sua matéria prima indestrutível, rindo da sua cara a cada ida na cozinha ou a cada loja de brindes, enquanto ele ostenta aquele “15 anos” na fonte Lucida Caligraphaphy – junto do nome de alguma também falecida ninfeta de nome Pyetra ou Mykaella ou Kedllyn Jasmine – ou te lembrando que você já foi capaz de algum dia ter ido numa Festa chamada Coutry Mix em alguma boate onde o DJ era um coroa barrigudo usando uma camisa com o logo do Batman, e uns braceletes que lhe prendiam a circulação, para parecer mais xovém e descolado, e que lá a única coisa que você trouxe para casa foram várias unidades desse tipo de porcaria.
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