(Phil Stern) |
1.
Mas... Adorei essa foto. Ela é de Phil Stern, que faleceu ontem, dia 15 de dezembro, aos
noventa e cinco anos. Eu não conhecia nada de Phil Stern, sua morte foi para mim como a
chave de seu baú (já aberto), contendo suas belíssimas fotos em preto-e-branco
carregadas com a melancolia ou a solidão de Marlon Brando, James Dean,
Elizabeth Taylor e outros e outros.
2.
O personagem no corredor é Frank Sinatra, certamente no intervalo
de alguma filmagem – que era como sempre agia Phil Stern – mas de Sinatra, do
qual sei bem pouco, para não dizer quase nada, só conheço If You Go Away.
3.
If You Go Away, não é uma canção de Sinatra, creio que não seja de ninguém, pois
ela é uma versão americana da música Ne
Me Quitte Pas, de Jacques Brel, que também já não pertence a ele, pois os
fãs de Edith Piaf dizem ser dela, só dela, assim como dizem os fanáticos por Nina Simone
e os do próprio Sinatra e os de Júlio Iglesias e os de Maysa e os de outros e
outros...
4.
As versões mais famosas são as gravadas em Inglês e Francês. Os
franceses cantam como se estivessem ajoelhados, com o estomago doendo enquanto lavam
os pés e as canelas do que se vão com lágrimas, pedindo perdão, pedindo também
um mínimo de sombra, nem que seja a “da tua mão/ a do teu cão/ Não me deixes”,
cantam eles ao final. Ou seja, querem ficar com um tijolinho daquela casa, para
assim, poderem reconstruí-la. Para assim se levantarem.
5.
Já os americanos cantam do bar. Envergados pelo álcool, sustentados
apenas pelo balcão e pelos últimos trapos de amor próprio. Cientes de que os
melhores amores são aqueles com mais passado do que futuro – diria que essa é uma
consciência kamikaze, mas consciência – ou seja, sabem que o amante tem mesmo é
que ir, que se livrar de nós para poder respirar. E dizem, embora cogitando
como todo suicida, o passo atrás: “Se você for embora, como eu sei que você
deve/ não vai sobrar nada no mundo em quem confiar/ apenas um quarto vazio...”.
6.
Frank Sinatra tentou se matar umas três ou quatro vezes, por
questões ligadas a sua carreira, julgava estar perdendo popularidade com a
ascensão de artistas mais novos na música e no cinema. Morreu aos oitenta e dois
anos, de infarte. Foi também um péssimo alcoólatra – pois há os bons, como Bukowski
– e foi também, lembro agora, um grande amigo da máfia, alegrando suas
festinhas em troca de favores e brodagens. Mas isso não depõe contra o Mister
Blue Eyes, isso não; pois é melhor ser amigo da máfia do que da polícia, ou do
governo.
Cid Brasil
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