(Emiliano Ponzi) |
@ curte a foto de Y. A gentileza – embora a nova foto do perfil de @ merecesse apenas o fogo – é devolvida. Visando atingir L, F compartilha a
indireta postada por H dias atrás, este, (usando termos como “vodu matrimonial”
e “vampirismo afetivo”) estava justamente acusando F, que não percebeu.
I diz que o país vai para o buraco se todos votarem em X. N diz que
é o contrário, que X é que irá tirar o país da lama. Ambos acusam-se de
estupidez e preconceito velado, aquilo, não demora a ficar claro, deveria ser
resolvido entre os dois numa cama. Ou num tribunal de pequenas causas.
C, que é um romântico de marca maior, posta mais um de seus imensos
poemas que ele teima em batiza-los de crônica. O último, que fala sobre solidão
e os pesadelos de um gato cego, não obtêm, com razão, nenhum mísero like e
ninguém comenta ou compartilha o texto. Nem sequer a mãe de C, B, que teme pela
sanidade do filho em suas orações virtuais para Q. Apenas R busca entender o
texto de C, gastando, pasmem, boas três horas de seu dia lendo e relendo de
trás pra frente o poema. R procura reminiscências de um passado entre os dois, coisa
que faz, secreta e sagradamente, em todas as bobagens rabiscadas por C. Em
certa medida, C também é um stalker, pois só se acalma nos dias de baixa audiência,
olhando as fotos de J. Olhando, lógico, é um termo educado para o poder
lenitivo que tem as fotos de J, não só para C, como também para outros
internautas.
Um desses é K, que possui um bom emprego e uma arrogância que o
levara a promoções num edifício, mas nunca em corações alheios. Seu único
charme é justamente chamar-se K. Nem mesmo angústias Kafkianas, por esse bom
emprego e esse charmoso nome, K possui – detalhes, é vero, que o tornariam um
homem assaz interessante e por que não, merecedor, na opinião de S, seu
cunhando, de alguma namorada. S é marido de X, irmã de K, pessoa que não
colabora com o jogo, com a brincadeira, com o passatempo, com a roda, com a rede.
X só olha. Passa os dedos e não distribui um mísero kkk ou hahaha, acreditando-se superior aquela cambada, embora goste
das fotos de sunga de M; das piadas homofóbicas de E; dos clipes de música
country de T e das teorias da conspiração postadas por O.
U opina sobre todos os assuntos do momento e nada, nada mesmo,
escapa ao fervor nazi-fascitas dos seus comentários. Nem mesmo o papa, nem
mesmo os stand-ups gravados por D, nem mesmo o novo CD de W, um músico local
que só posta fotos de seus shows, estes cada vez mais lotados, dando a
impressão de ser vitima de um sequestro, cujo resgate ele mesmo tem que pagar
com cachês.
Shows, registrado por fãs como P, que nas noites de desespero
infantil tecla com A, perfil fake de um velho que tem tara por lolitas tipo P. O
pai de P, G, sente-se um coveiro de perfis, denunciando e indicando os perfis
de gente morta que devem ser apagados. Um desses é o de V, que devido a uma
atualização automática de joguinhos, prega sustos e mais sustos em todos os
amigos e também em gente que ele, em vida, detestava, como Z, seu inimigo
declarado e que, como o poema de Drummond, “não tinha entrado na história”.
Cid Brasil
Cid não encontro uma palavra para dizer como fiquei depois de ler esse texto, nem mesmo uma letra nesse imenso alfabeto.
ResponderExcluirEu gostei bastante.
Abraço
Brunoooo, obrigado (mais uma vez) pelo carinho.
ResponderExcluirIsso me faz continuar remando e seguindo e caminhando e girando o Volante, rsrs.
Abraços!