(Dan Witz) |
Política é um local onde só devemos temer o pior. Nada mais do que
isso. E eu, como bom alagoano, vacinado nesta seara, cidadão que já teve de
votar, por temer o pior, em completos idiotas, em gente que sob condições normais
de pressão e temperatura perderiam até para um manequim de loja, só posso dizer
que a única coisa que me assusta, de verdade, são alguns eleitores, ou a
inocência contida, principalmente, nos discursos de uma direita que outrora
parecia tão calma, tão ocupada, sonhando com viagens para Orlando e Miami, e
que de repete resolveu “abrir os olhos” – sim, prefiro crer que é inocência,
que é coisa de quem por preguiça ou azar, não leu, não viu e não lembra, ou não
ficou bastante tempo sozinho moldando seu caráter, costume de quem teve pai e
mãe-patrão, ao invés de só pai e mãe. Muito embora suspeite que tal espírito
reacionário (ou ReAÉCIOnário), aparecesse, como sempre aparece, fosse qual
fosse o assunto e o período. A diferença é que os ódios, a burrice e o preconceito, desta vez estão mais nos óculos.
E o pior – como sempre pode piorar – é ter de ver e ouvir gente que
você gosta, admira e até dorme de vez em quando, reproduzindo a estupidez,
arrastando essa carroça do qual ninguém pode subir, ou pedir carona, uma
carroça azul e blindada, cuja única obrigação e arrasta-la. E nunca é demais
lembrar, que a ditadura militar fez cinquenta anos em 2014, e ao contrário da
idade preferida para se infartar, ele, o espírito brasileiro de 64, está
correndo na praia, comendo macrobiótico e envelopando os dentes. Está enxutão.
Talvez por falar em opressão, lembrei agora daquela fala, da moça degolada na
revolução francesa, que disse: “liberdade, quantos crimes são cometidos em teu
nome”. E dessa forma, meio bestial, meio besta, ás vezes penso, como tanta
liberdade (de expressão, no caso) como é possível não termos um segundo turno
entre o tal Pastor e a Dilma; ou entre Levy F e a Dilma. Seria a metáfora
perfeita da falta de metáfora.
Era só isso que eu tinha para falar sobre política.
Cid Brasil